Sem adversários, Dissica segue na FAF mais quatro anos.


Quem esperava por renovação na gestão da Federação Amazonense de Futebol (FAF) terá que se contentar com mais um mandato de quatro anos do atual presidente Dissica Valério Tomaz, há 23 anos no cargo. Ele lidera a única chapa inscrita na eleição que acontece nesta segunda-feira (20), motivos pelos quais dirigentes opositores classificam o processo eleitoral da instituição como pouco transparente e marcado por manobras políticas que impedem que o atual mandatário seja removido do posto. 

Insatisfeitos com a falta de representatividade no futebol local e com a gestão de Dissica na direção da FAF, um grupo de torcedores de clubes amazonenses organizou, pelas redes sociais, uma manifestação em frente à sede da FAF, no dia eleição.

Apesar do descontentamento por parte de dirigentes e torcedores, Dissica classifica seu longo mandato como “excelente” e responde às críticas dizendo que a FAF não é responsável pelo fato de os times locais não terem condições de jogar na elite do futebol brasileiro. “Primeiro: é a federação que contrata jogador? Não. É a federação que forma os times? Não. Não temos essa responsabilidade, quem faz isso são os clubes”, disse. 

Desde que Dissica assumiu a direção da FAF, nenhum clube local disputou a primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Quem chegou mais próximo foi o São Raimundo, que participou da Série B, entre 2000 e 2006. Desde 2009, o Estado tem apenas representantes na quarta e última divisão do Brasileiro. 

Dissica disse, ainda, que a federação já acumulou cerca de R$ 400 mil com os jogos realizados na Arena da Amazônia deste ano, mas nenhuma parte deste valor foi destinada aos clubes locais. “Não repassamos esse dinheiro aos clubes, senão a FAF vai viver de que? Esse dinheiro é usado para reformas e apoio às categorias amadoras e ligas esportivas”, disse o presidente. 

De acordo com estimativas do próprio gestor, o valor acumulado, em 2014 até o momento, é o equivalente ao que a FAF arrecada, com o pagamento de taxas, em seis edições do Campeonato Amazonense. Vale lembrar que, além de parte das rendas das partidas realizadas no Amazonas, a FAF recebe da CBF uma ‘ajuda’ mensal de R$ 100 mil. 

O presidente da federação explicou, ainda, que, em época de eleição, o dinheiro arrecadado com as rendas das partidas é usado para dar suporte à vinda de membros das ligas esportivas do interior para a capital para que possam votar. “Antigamente, não tínhamos tanto recurso, então o máximo que a FAF podia fazer era dar um auxílio com hospedagem. Agora, podemos dar não só a estadia, mas transporte e alimentação também”, disse Dissica, que classificou o uso de dinheiro para este fim como “parte das obrigações da federação”.

Opositores desistem de candidatura à presidência
A princípio, o processo eleitoral para presidência da entidade previa a disputa entre Dissica e mais duas chapas, a de Lionel Ferreira, vice-presidente do América, e a do servidor público Adriano Campelo, mas, até a última sexta-feira, prazo final para a inscrição de candidaturas, a FAF só havia inscrito a chapa do atual gestor.

De acordo com Lionel, o problema não é de agora e se repete há anos. “A primeira dificuldade que encontrei, ao tentar me candidatar, foi o fato de não conseguir acesso ao edital da eleição. Como posso me candidatar a um pleito sem saber as regras, as datas e os prazos?”, indagou Lionel. “A segunda dificuldade foi que o estatuto da FAF diz que cada chapa deve ser inscrita com as assinaturas de apoio de entidades filiadas à federação, como ligas esportivas. Ele (Dissica), como detentor do poder, tem acesso irrestrito a essas ligas. Ou seja, a eleição da FAF não é um processo honesto e legítimo”, disse. 

O dirigente do América classificou o relacionamento com o presidente da FAF como “apenas jurídico”, atualmente. Após uma denúncia de Lionel sobre irregularidades no processo eleitoral da entidade, desde 1985, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) acatou, em 2010, um pedido do Ministério Público do Estado (MPE-AM) para destituir Dissica da presidência da FAF, mas, algumas semanas depois, ele voltou ao cargo no qual permanece até hoje.

Apesar de não fazer críticas direcionadas ao atual presidente, Adriano Campelo também pretendia se candidatar à presidência da FAF porque acredita que a entidade precisa de renovação e que o torcedor local merece uma maior identificação com os clubes amazonenses, o que, na opinião dele, deveria ser atingido com mais transparência dentro da FAF e o fim das reeleições consecutivas para o cargo de presidente. A reportagem tentou entrar em contato com o servidor público sobre o motivo pelo qual desistiu da candidatura mas não teve retorno até o fechamento da edição.

Fonte: d24am.com

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